quarta-feira, 15 de junho de 2011

A Origem de Portugal



A ORIGEM DE PORTUGAL

Portugal e Espanha foram os países que mais se destacaram nas Grandes Navegações, sendo os portugueses pioneiros da expansão marítimo-comercial européia. Para entendermos os motivos desse pioneirismo, é necessário conhecer um pouco da história portuguesa.
A Península Ibérica foi habitada por inúmeros povos, como iberos, fenícios, gregos, cartagineses e romanos (conquistada por Roma no séc. III a.C., a península sofreu o processo de latinização).
No séc. V, durante as invasões bárbaras que assolaram o Império Romano, os Visigodos dominaram a região e, posteriormente, converteram-se ao Cristianismo.
No séc. VIII os Mouros, empenhados na Guerra Santa, atravessaram o Estreito de Gibraltar e conquistaram grande parte da península. Com a conquista muçulmana, os visigodos, agora um povo cristão, foram expulsos para o norte da península, onde organizaram um movimento para expulsar os invasores: as “Guerras de Reconquista”. Durante a Reconquista, surgiu Portugal.

O CONDADO PORTUCALENSE

No norte da península, os antigos visigodos fundaram vários reinos cristãos, como Leão, Castela, Aragão e Navarra. A Reconquista foi chefiada por D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, auxiliado por D. Henrique de Borgonha, nobre francês. Este, como recompensa pela ajuda oferecida ao rei, recebeu a filha do soberano em casamento, além de lotes de terra. D. Henrique de Borgonha casou-se com D. Teresa, ganhando o Condado Portocalense, localizado ao sul do rio Minho. Como era comum naquela época, ao receber as terras, o nobre, além de genro, tornou-se vassalo de D. Afonso VI.
Com a morte de D. Henrique, o Condado Portucalense passou para seu filho, Afonso Henriques, que o libertou da vassalagem de Leão e Castela, tornando-se seu primeiro Rei. Sua coroação deu início à primeira dinastia de reis portugueses, a de Borgonha (1139 a1383), e foi responsável pelo surgimento do Reino de Porto Cale, mais tarde, Portugal.
Nesse período, os Mouros foram expulsos do antigo Condado Portucalense, cujo território foi ampliado, desenvolvendo-se a agricultura no interior e a pesca, no litoral. Os portugueses passaram a realizar intenso comércio com outros povos, como ingleses, flamengos e italianos. Algumas cidades portuárias, como Porto e Lisboa, transformaram-se em grandes centros comerciais e a economia deixou de se basear apenas na agricultura.
Enquanto Portugal afirmava sua soberania de reino independente em relação à Castela, surgiu um tímido feudalismo, que passou a conviver com uma classe de mercadores cada vez mais rica.

A REVOLUÇÃO DE AVIS

Com a morte de D. Fernando, em 1383, abriu-se uma crise de sucessão dinástica, uma vez que ele não deixou herdeiros homens. Tinha apenas uma filha, Beatriz, casada com o Rei de Castela.
Para a nobreza, era de grande importância que Portugal voltasse a pertencer a Castela, pois isto lhe traria grandes privilégios. Para a burguesia, porém, não havia nenhum interesse: a anexação poderia trazer obstáculos o seu desenvolvimento. Para o povo (chamado de arraia-miúda), a anexação era sinônimo de opressão.
Como conseqüência dos fatos, estourou a Revolução de Avis (1383-1385), considerada uma das mais importantes da história portuguesa. Na disputa pelo trono, formaram-se dois grupos: o primeiro, chefiado por D. Leonor Teles, viúva do Rei D. Fernando, recebeu apoio da nobreza lusitana. Ao ficar viúva, D. Leonor havia proclamado rei de Portugal seu genro, o Rei de Castela. O segundo grupo se opunha à anexação de Portugal por Castela. Chefiado por D. João, mestre da Ordem de Avis, e auxiliado pelo chefe militar Nuno Álvares Pereira, contava com o apoio da burguesia e do povo.
A revolução terminou em 1385, com a Batalha de Aljubarrota, sagrando-se vencedor o segundo grupo. D. João de Avis foi coroado rei, tendo início a segunda dinastia portuguesa, a dos reis de Avis (1385-1580).
Com a vitória de D. João, a nobreza foi dominada, uma vez que apoiara o grupo chefiado por D. Leonor Teles. A burguesia, que se colocara ao lado do Rei vitorioso, ascendeu ao poder, tornando-se grande aliada da Coroa.
Através da Revolução de Avis, Portugal transformou-se no primeiro Estado Moderno da Europa, uma Monarquia Nacional, onde o poder político estava centralizado nas mãos de um rei e não mais fragmentado nas mãos da nobreza.
Foi durante o governo dos soberanos da família real de Avis que a expansão marítimo-comercial portuguesa se realizou. Durante esse período, Portugal reuniu as condições necessárias para se formar a primeira nação européia a se lançar nos empreendimentos marítimos, pois contava com uma Monarquia centralizada, com um poderoso grupo mercantil, aliado da coroa e ansioso por expandir seus lucros com a abertura de novos mercados, e com uma excelente posição geográfica, além da ausência de conflitos internos e externos.
(Brasil- Recuperando nossa História- Antonio Carlos Meira)

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